Ceplac, Seagri e Embrapa iniciam ações para enfrentamento à Cochonilha rosada

Uma reunião na sede da Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri) em Salvador, definiu ações que serão adotadas pelas instituições públicas ligadas à agricultura, para enfrentamento à praga recém identificada na Bahia, a Cochonilha rosada (Macollenicoccus hirsutus). A praga ataca centenas de espécies, mas foi registrada em cacaueiros no mês de fevereiro de 2012, em Linhares (ES). Na Bahia, foi identificada em uma plantação de cacau em Mucuri, extremo-sul da Bahia, em junho de 2013 e, em dezembro do mesmo ano, surgiu em plantações de cacau em Santo Amaro, no Recôncavo baiano.

Ações de contenção, a partir do controle biológico, introdução de predadores naturais, como uma joaninha da China, e fiscalização de transporte de plantas estão entre as medidas emergenciais que já estão sendo adotadas. Além disso, busca-se o registro, junto ao Ministério da Agricultura, de um agente de controle biológico. Também está sendo montado um experimento (ensaio) na fazenda Engenho Novo, no recôncavo, visando a validação, em campo, das estratégias de controle.

Antes dessas medidas, logo após a constatação da Cochonilha rosada nos locais citados, a Ceplac comunicou o fato ao Mapa/DSV e a Seagri/BA, visando a adoção das medidas cabíveis para a situação. O entomologista Kazuiyuki Nakayama fez um alerta interno e a Ceplac divulgou um comunicado externo e um folder direcionado a seus extensionistas, com orientações sobre a praga e indicações para manejo.

Riscos - A Cochonilha rosada ataca diversos cultivos e espécies arbóreas na Bahia, mas o cacau até agora é a cultura de maior importância econômica a ser atingida. Nas fazendas atacadas – extremo sul e recôncavo –, além do cacau, a infestação se dá em diversas espécies, desde as nativas até as exóticas e plantas ornamentais. Mas, para os especialistas, o risco potencial é ainda maior para o cacau cabruca – região sul – devido, principalmente, à riqueza de espécies que podem servir de hospedeiros.

Mas, explica o entomologista Kazuiyuky Nakayama, não pode ser descartado o risco de uma epidemia generalizada, atingindo cidades e zonas rurais. Nas cidades, as plantas ornamentais domésticas e espécies utilizadas em projetos paisagísticos nas ruas e avenidas, além de plantas de quintais, devem ser atacadas. Em Salvador, por exemplo, inúmeras espécies já estão sendo atacadas na área urbana. Entre as ornamentais, o hibisco (graxa) é uma das mais atingidas.

Daí a importância das barreiras sanitárias para o transporte de plantas, dizem o pesquisador Kazuiyuky Nakayama e o extensionista Milton Conceição. Para os especialistas, está claro que, muito provavelmente, o início da infestação se deu a partir do transporte de plantas ornamentais. Essa hipótese explicaria, por exemplo, a distância geográfica entre os dois primeiros focos na Bahia – o extremo-sul e o Recôncavo.

Instituições envolvidas - A reunião em Salvador foi coordenada pelo superintendente de Agronegócio e Atração de Investimentos da Secretaria de Agricultura da Bahia, Jairo Vaz. Pela Ceplac, participaram pesquisadores e extensionistas, como os coordenadores dos centros de Pesquisa, Adonias de Castro, e de Extensão – que também representava a Superintendência da Bahia – Sérgio Murilo. Além deles, o entomologista Kazuiyuki Nakayama e o extensionista Milton Conceição.

Pela Embrapa, participaram Alberto Duarte Vilarinhos – Diretor de Transferência de Tecnologia da Embrapa/Cruz das Almas, e Samuel Telhado. Pela SFA-BA, Paulo Reis, (representando a Superintendência); Carlos Fernando Brito; Cristiano Barreto. A Adab foi representada pelo diretor-geral Paulo Emílio Torres e pelos servidores Raimundo  R. Santos;  Suely Brito; Maria Consuelo Andrade e Keyla Soares Silva.

Formação - A Ceplac, através do Centro de Pesquisas, também realizará uma formação para extensionistas e técnicos agrícolas, ligados à própria instituição e outras afins, como EBDA, ADAB, secretarias municipais de Agricultura e entidades que prestam serviços de ATER. A Palestra sobre os atuais surtos de Pragas Emergentes e Quarentenárias do Cacaueiro, incluindo a Cochonilha rosada (Macollenicoccus hirsutus), vai ocorrer no dia 4 de fevereiro, às 10 horas, no auditório Hélio Reis (Cepec), e vai ser proferida pelo entomologista Kazuiyuki Nakayama.